O Grupo Pelé, claramente com interesse no sector de comunicação e imagem de empresa, compra a empresa Gráfica Gutenberg Forbes Artes Gráficas, LDA com sede em Viana do Castelo. A Gutenberg é a maior gráfica de Viana do Castelo, existe desde 1930 e pertenceu ao BPA (Banco Português do Atlântico) de 1950 até 1983 no tempo das nacionalizações. O Grupo Pelé assumiu a gestão e controlo final da Gutenberg a partir 14 01/01/2009 e com esta aquisição o Grupo aumentou consideravelmente o seu volume de negócios e entra assim no mundo da comunicação e imagem de empresa que há muito ansiava. A Gutenberg têm uma bela e longa história que passamos a transcrever. A história que se segue foi publicada em Janeiro de 1999 na revista T&G Propriedade Apigraf (Associação Portuguesa das industrias gráficas e era assim: Viana do Castelo situa-se na base do monte de Santa Luzia (esperemos que nunca o desbaste), junto á Foz do rio Lima. O sítio onde, por, por foral de 26 de Junho de 1258, D. Afonso III estabeleceu a vila, chamava-se “Adro”. Nas inscrições, aquele monarca impõe-lhe o nome de “Viana”, designação que já vinha sendo conhecida por Viana Ribeira do Minho, Viana de Lima, Viana de Caminha, Viana de Minho. Com o descobrimento das rotas marítimas e o incremento da actividade comercial, Viana experimenta grande aumento da população e um acentuado desenvolvimento. Nas cortes de 1562, a Câmara Vianense pede a D. Sebastião que se seja concedido o título de “notável”, por ser ”…. uma das nobres e principais de Reino, de mor rendimento, a principal de Entre Douro e Minho ….” A petição foi deferida por Carta de 26 de Março de 1563, assinada pelo Cardeal D. Henrique. Até que chegou a cidade com a actual designação: D. Maria II, por carta régia de 20 de Janeiro de 1848, determinou que “…. Hei por bem e me apraz que a Vila de Viana do Minho fique erecta em cidade, com a denominação de Cidade de Viana do Castelo…”Nessa carta régia, refere-se que Viana “…..possui os elementos e recursos necessários para bem sustentar a categoria de cidade, derivados da sua riqueza e importância topográfica, da sua riqueza e importância comercial e da qualidade dos edifícios de que é composta…”Como causa próxima desta elevação e do novo nome, esteve a resistência oferecida pela guarnição do castelo ao cerco dos simpatizantes da Patuleia. Percorrer a zona histórica da Viana é viajar ao passado, aos tempos florescentes do comercio marítimo, tamanha é a profusão de edifícios de apreciável valia arquitectónica pela Casa Eiffel, a Torre da Roqueta, do tempo de D. Manuel I, para defesa da entrada do porto, o Castelo de Santiago da barra, a basílica de Santa Luzia. Foi nesta Viana, bem conhecida pelas famosas festas á Senhora da Agonia que, em 6 de Agosto de 1918, nasceu Aurélio Margarido Ferreira. Não, leitor, não é o que está a pensar, este homem não foi o fundador da Gutenberg. Embora mais tarde os seus caminhos se viessem a cruzar. Continue mais uma pouco, e já vai ficar a saber como. O pai de Aurélio era marítimo, passando longas temporadas fora. Antes de umas férias grandes, que na altura significava tês meses, ainda na escola primária, a mãe pensou que não era conveniente ter os filhos durante tanto tempo só na brincadeira. Vai daí, conseguiu-lhes ocupação para as farias. A Aurélio coube-lhe ir para a Encadernação José Rosa (mais conhecido pelo Samoca). A expectativa alegre e impaciente de umas férias bem gozadas alegra e impaciente de umas férias bem gozadas deu lugar á desilusão quando soube o que o esperava. Mas sabe-se como um coração inocente ultrapassa facilmente certas agruras. No fim da primeira semana, Aurélio regressou a casa não conseguindo conter a felicidade: recebera 2$50 pelo seu trabalho! Aurélio tinha, então 8 anos. Nas férias grandes seguintes, enquanto durou a primária o Samoca era o seu destino. Fim da escolaridade, início do trabalho. Um percurso já esperado, sinal de tempos que não eram fáceis. Aurélio, com doze anos, foi para a Tipografia Viúva de José de Sousa, na Rua Cândido dos Reis, em frente ao local onde actualmente se encontra a Tesouraria da Repartição de Finanças. Estávamos em 1930. Precisamente nesse ano em que se iniciou como aprendiz, os seus patrões sofreram um revés, numa altura e numa zona em que o pessoal habilitado não abundava: dois dos seus oficiais, os irmãos João e Américo de Passos Simas, despediram-se. E saíram, para com outros, iniciaram a Gutenberg. Não como sócios, porém. Os sócios fundadores foram o Dr. Luís Cirne de Castro, que mais tarde seria Governador Civil, e Luís brito, funcionário das Finanças. Homens que não eram da área gráfica nas que certamente terão visto nesse investimento uma forte possibilidade de negócio. Assim surgiu, em 1930, na Rua da Pipoca, a então designada por Gutenberg, LDA. No ano em que Aurélio começou a trabalhar. Os sócios faziam um certo acompanhamento, mas quem exercia as funções de gerente (por procuração) era Américo de Passos Simas, também ele o responsável pela criação da estrutura técnica da empresa. Passados alguns anos, Roberto Passos de Sousa, que era solicitador, adquirir a Gutenberg. O novo proprietário também pouco passava pela tipografia. É este que, em 19 de Dezembro de 1940, assina uma carta dirigida ao Grémio nacional dos industriais de Tipografia e Rotogravura, anexando o Boletim do Castro Industrial. Á frente da designação Gutenberg LDA, as menções Tipografia e Encadernação. O telefone tinha o nº146. É ainda Américo de Passos Simas que, em 27 de Janeiro de 1943, assina uma carta dirigida ao então grémio Nacional dos Industrias Gráficos, dando conta das máquinas que a empresa possuía desde a fundação: ● Uma Planeta accionada a motor eléctrico de 1 e ¼ H.P., tiragem de 1.350 exemplares por hora, inteiramente automática, sendo o seu estado de conservação em meio uso; ● Uma Planeta accionada a motor eléctrico de 0,95 H.P., tiragem de 1.100 exemplares por hora, colocação e tiragem de papel manual, em meio uso; ● Uma Minerva accionada a pedal, tiragem de 1.000 exemplares por hora, também em meio uso; ● Uma máquina de banca, Minerva, accionada a braço, tiragem de 1.000 exemplares por hora, em muito uso. Refira-se que em Dezembro de 1942, o quadro do pessoal era constituído por sete pessoas, nas áreas da composição e encadernação. Regressamos agora ao homem com quem começámos, Aurélio Margarido ferreira. Tinha-mo-lo deixado, ainda pequenino com doze anos, a iniciar-se como trabalhador. Primeiro aprendiz, depois impressor. Durante o dia, o trabalho na tipografia. Á noite, o estudo, porque Aurélio queria saber, queria valorizar-se, queria ficar mais habilitado para a vida. Conseguiu concluir, assim, o curso Comercial. Entretanto, o irmão mais velho de Aurélio, António Ferreira, trabalhava numa importante firma de Viana, a Bernardo Dias, além de grande papelaria, possuía também Casa de Câmbios com muito movimento. Tinha Aurélio 18 anos, eis que o irmão o convidou para ir trabalhar com ele na Bernardo dias. Aurélio, contudo, gostava da sua actividade de impressor tipógrafo. O sonho de menino de querer ser jornalista, não se cumpriu. Não chegou a criar textos mas, imprimindo-os, ajudava. Á sua maneira, a levar as mensagens ás pessoas. Aurélio viu-se num dilema. Mas a insistência do irmão e as promessas deste em fazê-lo evoluir determinaram a sua saída da Tipografia Viúva de José de Sousa. A Gutenberg levava, então seis anos de vida. Na nova firma, Aurélio fazia de tudo, fosse no armazém, ao balcão ou no escritório. Era o braço direito do irmão. Este, após a morte de Bernardo dias, passa a ser sócio da empresa.
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